É possível falar em leitura para bebês?

O gosto por histórias, livros e leitura deve começar bem cedo, e isso não tem a ver com alfabetizar, mas sim inserir a criança no mundo dos livros, muito antes da idade escolar. Atualmente há um grande movimento destacando a importância da leitura já na primeira infância, inclusive para bebês. Muitas creches têm até “bebetecas”, um espaço para os bebês onde são planejadas ações de leitura. 

Mas por que ler para os pequenos que ainda nem aprenderam a falar?

Essa prática traz benefícios para a criança? A resposta é SIM!

Estudos mostram que na primeiríssima infância (0 a 3 anos) constroem-se 90% das sinapses que farão parte do circuito permanente do cérebro. Essas conexões são essenciais em relação à motricidade, ao desenvolvimento psicológico, à aprendizagem e às experiências afetivas da criança.

 “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” já dizia Paulo Freire. Desde que nascemos aprendemos a ler o mundo, sendo assim “leitura” tem um significado mais amplo do que aprender a decifrar os códigos da língua. A primeira imagem que uma criança lê é provavelmente o rosto da mãe. Mas antes disso, ainda no ventre da mãe, o bebê já reconhece alguns sons. Raquel S., mãe de Francisco, conta que durante a gestação costumava cantar uma determinada cantiga e o recém-nascido parecia reconhecer a canção. Esse fato é mais comum do que se pensa, pois segundo  Evelio Cabrejo Parra, pesquisador colombiano,  “a partir do quarto mês de gestação, a audição do feto passa a ser desenvolvida e ele começa a distinguir vários aspectos acústicos”. Por isso é importante conversar e contar histórias para o bebê ainda no ventre.

Bebês são muito curiosos pela linguagem, pela musicalidade da fala, gostam de ritmos, assim, livros de poesias ou de textos com rimas são ótimos para o desenvolvimento da linguagem. Geralmente as crianças elegem suas histórias prediletas e gostam de ouvi-las muitas vezes, com isso começam a conhecer e a memorizar e pronunciar novas palavras. Claro que crianças pequenas não param quietas, costumam levar tudo à boca, por isso muitos acham difícil dar livros nas mãos delas, mas isso também faz parte das descobertas. Para os pequenos há livros feitos especialmente para estimular os sentidos, são de materiais mais resistentes (cartonado, de plástico ou tecido) com projeto gráfico diferenciado, texturas, alguns apresentam recursos sonoros, como aqueles com sons de animais ou de músicas. Deixar que a criança pegue e explore o livro à vontade, com o tempo ela vai se familiarizando, vai aprender a mudar as páginas, observar as ilustrações e a perceber que livros contam histórias.

 A leitura para os pequenos deve ser de forma lúdica, oferecendo diversos materiais para  que as crianças possam manusear, explica  a professora Maria de Lourdes, que trabalha na educação Infantil, na rede pública. 

É importante ter em mente que nessa fase a criança não vai interpretar a histórias, mas vai reter elementos que seja significativos para ela: ao ouvir um adulto ler ou contar uma história, o bebê começa a apreciar a, a musicalidade das palavras com diferentes sons, rimas e outros jogos sonoros, os gestos, a  modulação da voz ou a expressão facial da pessoa que está lendo.

Segundo a professora Maria de Lourdes, através de pesquisas realizadas pelas escolas, são poucas crianças que recebem estímulos em casa, por isso é importante a escola envolver a família na participação de projetos de leitura, como por exemplo, a maleta de leitura que as crianças levam para casa para um momento de leitura em família, os pais registram com fotos ou relatos.

Em tempos de isolamento social, o jeito é recorrer à internet. Na falta de livros em casa, os pais podem ler livros digitais para as crianças, a Fundação Itaú tem vários disponibilizados. Outra opção é recorrer a sites e canais de contação de histórias.

O importante é ler e contar histórias!

Crédito da foto: Pixabay/Parenti Pacek



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