Erica Oliveira
Fazia tempo que eu estava interessada no curso de biblioterapia da Cristiana Seixas. Eu achava um barato a ideia de estudar o potencial terapêutico da literatura e ainda entender como alguém tinha construído em cima disso um ofício. Depois de um fim de semana de aulas em Niterói, voltei para o Rio trazendo comigo os fundamentos e o desejo de tocar um projeto de leituras terapêuticas com refugiados.
Minha ideia era que, por meio de cartas (a escrita é uma baita ferramenta de cura), os refugiados me relatassem suas dores e conflitos. A partir daí, eu indicaria um livro, capaz de transformar ou aliviar, em alguma medida, aquela aflição. A troca de cartas continuaria depois, de forma que houvesse um acompanhamento, ainda que breve, dos desdobramentos. As vantagens? Algumas. Além de aprimorar o português, o que seria ótimo para uma possível inserção em nosso mercado de trabalho, eles ainda teriam a oportunidade de mergulhar em nossa cultura e conhecer um pouco da literatura brasileira. Parece redondinho, né? Mas a história não foi pra frente.