A bruxa Babarruga vai te pegar!

As bruxas fazem parte do imaginário coletivo. Quem nunca ouviu falar da bruxa malvada da Branca de Neve ou daquela bruxa horrenda, da casa feita de doces, que capturou João e Maria?

Elas estão aí, por toda parte, podem estar bem perto de você! A maioria mora nos livros, mas de vez em quando saem para dar uma volta. Algumas têm até endereços fixos. Se estiver andando pela Estrada Triste, cuidado! Dizem que lá mora a Bruxa Babarruga, que não gosta de crianças, está sempre de péssimo humor e tem uma verruga bem no nariz.

Adoro histórias de bruxas e para saber mais sobre a Babarruga, conversei com a escritora Ana Cecília Porto.

Sobre seu gosto por histórias e livros, Ana Cecília conta que  desde criança se encantava com as histórias criadas por seu pai. “Eram histórias longas, com florestas, reis, rainhas, dragões. Minha mãe professora sempre comprou livros. Li e contei histórias para meus filhos e alunos, mas foi com os netos que resgatei as histórias  inventadas por meu pai, comecei a inventar minhas próprias histórias e senti a vontade de publicá-las e passar para eles este encantamento”, continua.

Segundo a autora, as bruxas continuam encantando as crianças e “como  são seres fantásticos, as crianças identificam seus medos na fantasia, essa experiência é importante para aprenderem a enfrentá-los na realidade”.

A história da Bruxa Babarruga nasceu de um episódio com seu netinho, que tinha a mania de emburrar. Para lidar com a situação,  Ana Cecília dizia para o menino sair daquela estrada triste e ir para a estrada feliz. “Assim criei uma história com estes dois caminhos e na estrada triste, imaginei que lá morava uma bruxa”, relembra.

A escritora, que atuou como professora por mais de dez    anos, voltou às escolas para contar e encantar as crianças com a história da Babarruga. Muito à vontade em meio aos pequenos, ela conta que durante três anos, esteve  em onze municípios, em escolas públicas e privadas, levando alegria e incentivo à leitura.  “Pude perceber que adoraram a bruxa, mas a criança compreende que é fantasia e deseja sempre um final feliz. A experiência foi maravilhosa! As crianças reproduziram de variadas formas: desenhos, maquetes, releituras, dramatizações e elas se divertiam com a bruxa, não demonstraram medo, salvo exceções,  umas três crianças choraram, em um total de aproximadamente 5000 crianças que ouviram as histórias”, comenta.

Foto: Arquivo pessoal

Sobre o carinho das crianças, a autora conta que após contar a história, as crianças queriam  abraçá-la, sabiam que ela era a escritora Ana Cecília e não a bruxa. Para ela, a criança compreende que é uma fantasia e assim, amavam a história da Babarruga.

Esse é um ponto muito interessante, pois vive-se em um momento em que muitos pais e até instituições mais conservadoras questionam, e até censuram, histórias com seres fantásticos. Uma escola católica nos Estados Unidos, em 2019,  chegou a banir Harry Potter por acreditar que o livro era má influência, por conter “feitiços”. Perguntei à escritora como ela vê essa questão.

“A repressão nunca é saudável”, reforça Ana Cecília. “Não adianta fechar os olhos das crianças porque a realidade não esconde nada. Ela verá nas histórias todo tipo de comportamento, mas isso não significa que ela fará as maldades do vilão. Isso ela vai viver na imaginação e saberá escolher entre o bem e o mal”, completa.

Quer saber mais sobre a escritora Ana Cecília Porto e sobre Bruxa Barrarruga?
A bruxa Babarruga
Ana Cecília Porto Silva
Ilustração de José Paschoal da Silva
Editora Pandorga, 2017

 anaceciliaporto



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