Mito às avessas – um convite à aventura na fantástica companhia dos mitos brasileiros

Saci, Loira do banheiro e lobisomem são algumas das personagens do nosso folclore que vivem uma  grande aventura neste conto fantástico. Mas atenção, estes mitos estão um pouco diferentes… O que está acontecendo com essa turma?

 

Mônica Menezes apresenta seu novo livro
Foto: Reprodução Facebook

Para saber mais sobre esta história e como tudo começou, conversei com Mônica Menezes,  pedagoga, escritora e pós- graduanda em Literatura Infantil e Juvenil – UCAM e que atua como professora da rede municipal do Rio de Janeiro há 33 anos. Há oito anos é regente em Sala de Leitura, desenvolvendo projetos de estimulação de leitura e escrita autoral com crianças de cinco a doze anos.

Mito às avessas é seu primeiro livro infantil. Com tanta bagagem e conhecimento, Mônica traz à tona diversos temas, abordados com leveza, mas que precisam ser debatidos em nossa sociedade.

Como surgiu o projeto do seu livro Mito às avessas?

O projeto do livro Mito às Avessas surgiu de uma peça de teatro, que eu quis produzir com crianças, de uma turma do 5º ano da escola, há seis anos. Escrevemos o texto coletivamente, abordando alguns temas que trabalhamos em nossas rodas de conversas, depois de compartilharmos alguma obra literária. A peça fez muito sucesso e muitas pessoas sugeriram que eu escrevesse um livro a partir  dela. Guardei o texto teatral e não tive tempo de voltar nele. No início da pandemia, como estávamos sem saber direito o que ia acontecer, a escola estava fechada, não tínhamos ainda começado no virtual, tive tempo de trabalhar no texto com calma, sendo que algumas vezes revisitei o texto, porém não conseguia avançar no desenvolvimento. Neste percurso comecei a pós em LIJ e fiquei bem estimulada a mexer no texto, até que finalmente terminei, mandei para algumas pessoas lerem, emitirem suas opiniões e por fim enviei para algumas editoras.

Sobre a recepção ao livro, Mônica conta que as pessoas estão gostando bastante: “Tenho clareza que não vou agradar a todos, afinal a literatura é arte e por isso livre. Mas estou curtindo os adultos rememorando a Loira do Banheiro, mito presente na vida de muitos, na infância. Estão pontuando também os temas que são abordados, como homofobia, racismo e depressão e a importância trazer assuntos tão relevantes para serem conversados tanto nas escolas, como em família. Já as crianças estão se encantando com as ilustrações, personagens, achando a história engraçada. O objetivo é divertir, e por este viés do humor, levar temas relevantes para os diálogos ou rodas de conversas.

Mônica, além de tudo, é empreendedora. Depois de publicar o livro surgiu a ideia de criar um produto. Nasceu assim a Mochilinha Literária. 

“A Mochilinha Literária foi um produto criado por mim, em uma Oficina de Ideias, dinamizada pela professora e doutora Cíntia Barreto. Gostei tanto deste projeto, que resolvi colocá-lo em prática. Então, quando meu livro estava para ser publicado, fiz parceria com algumas pessoas que produziram as mochilas e copos  com a capa do livro estampada e os bonecos, personagens dos meus livros, dando origem a um kit bem bacana para crianças”, conta Mônica.

Qual é o maior desafio para quem quer ser escritor: encontrar a história certa ou conseguir publicar o livro?

Penso que é encontrar a história certa. Porque muitas  pessoas, assim como eu, que gostam de escrever, têm várias ideias, escrevem muito, mas também não gostam de tudo que escrevem quando findam o processo,  muitas vezes até deixam de lado. Penso que é importante sentir o bom texto para publicar, mas também já ouvi falar de colegas escritores bem experientes, que sempre achamos que a nossa escrita é um bom texto para publicar e nem sempre é. Como também ocorre de termos engavetados bons textos que dariam belas publicações. Mediante tantos conflitos que envolvem o processo de escrita,  afirmo que encontrar a história certa é o mais desafiante: aquela que vai encantar e afetar de fato as pessoas. Até porque, publicar um livro atualmente, qualquer um pode fazer, basta arcar com a parte financeira  que envolve todo o processo de publicação. Muitas editoras estão com esta proposta e muitos escritores que desejam se lançar no meio editorial, pagam para verem seus textos transformados em livros, em vez de esperar que uma editora publique seu texto sem cobrar nada, o que é muito difícil.

Como é a experiência de trabalhar em de sala de leitura? Li que você tem um projeto de escrita autoral. Fale um pouco sobre seus projetos e como  eles estimulam os alunos em relação à leitura e escrita.

Já trabalhei em vários setores da escola: coordenação, direção, regente de turmas de fundamental I. Mas o melhor lugar da escola é com certeza a sala de leitura, porque é o lugar do encantamento  mútuo: você se encanta e através deste encantamento, encanta os demais. É maravilhoso! Algo mágico!

Estes são alguns dos projetos que realizo, objetivando estimular a leitura literária e escrita autoral não só das crianças, mas de toda comunidade escolar. O resultado tem sido bem positivo, pois consigo fazer circular os livros, através de doações e assim as crianças e famílias ficam com livros também em suas residências. Com isso  os empréstimos na sala de leitura só aumentam, refletindo no desempenho dos alunos, que estão lendo cada vez mais e melhor, como também projetando com mais qualidade  a sua escrita.

Ler em Cantos – São cantinhos literários, em vários lugares da escola, para que as crianças tenham acesso ao livro não só na sala de leitura ou sala de aula.

Sebo – São livros que recebo de doação que não entram no acervo da sala de leitura e vão para o sebo, com objetivo de serem doados para toda comunidade escolar.

Literatura Solidária – Arrecadação de mantimentos para a Casa Ronald Mcdonald, com toda comunidade escolar e  em troca as crianças ganham livros.

Maratona de Histórias – Evento onde toda comunidade escolar se inscreve para contar histórias e contadores também são convidados.

Café Literário – Encontro mensal com os responsáveis com café coletivo, compartilhamentos de literaturas, dinâmicas e oficinas

Criança Escritora – Produção de livros pelas crianças, para sala de leitura e exposições em feiras literárias.

Criança também conta histórias – As crianças escolhem livros com minha ajuda, para contar para os colegas da turma, como também para outras turmas, para as crianças da Educação Infantil, de outra escola. Realizam leituras também em asilos para os idosos.

Encontro com Autores – Encontros periódicos com escritores e ilustradores, para conversa sobre o processo de escrita, de alguma obra literária compartilhada na sala de leitura. Nas fotos Sônia Travassos e Júlio Emílio Braz

Mesmo com maior acesso à literatura atualmente, você percebe se as crianças de escolas públicas têm esse acesso em casa ou são estimulados pelas famílias?

Lá na escola, conforme mencionei anteriormente, realizo projetos com toda comunidade escolar, justamente porque acredito que não só os alunos devem ser estimulados, mas também famílias, professores e funcionários. A família para estimular sua criança, precisa ser estimulada também, para reconhecer a importância da literatura, dar mais valor e só assim estimulará de fato  a criança. É preciso que todos se envolvam no processo de estimulação da leitura literária, caso contrário, não vejo muito sucesso no resultado do trabalho, de formação de leitores. Por isso, o mediador de leitura é muito importante e mais ainda, a forma como executa seu trabalho, visando a formação de leitores.

É lógico que um bom espaço e  equipado é  melhor para desenvolver um bom trabalho. Mas conheço ótimos espaços que não pulsam trabalho nenhum, no entanto, espaços mínimos, que realizam trabalhos maravilhosos! Penso que depende também do mediador. A sala de leitura da minha escola atualmente é maravilhosa, porém já foi um buraco! Mas nunca deixou de funcionar com projetos muito bons, de outros professores que atuaram como mediadores. Realmente é uma luta constante do nosso trabalho ser valorizado. A minha dica é não deixar de realizar projetos e se adequar ao espaço que se tem, seja em salas ou nos demais espaços da escola. É possível fazer parcerias para melhoria e ampliação do acervo e material. Divulgar os projetos, tanto na escola como na mídia também é importante, assim como  inscrevê-los em concursos. Registrar os projetos e ilustrar com fotos é fundamental, para mantê-lo organizado, caso precise  apresentá-lo.

Créditos das Imagens – Fotos cedidas por Mônica Menezes.

Para saber mais sobre o trabalho de Mônica Menezes, como adquirir o livro Mito às avessas e a Mochilinha Literária, entre em contato:

Mito às avessas

Mônica Menezes

Ed. Autografia

https://www.autografia.com.br/produto/mito-as-avessas/



2 thoughts on “Mito às avessas – um convite à aventura na fantástica companhia dos mitos brasileiros

  1. Oi!
    Sou sua fã, seu trabalho com a formação de leitores é maravilhoso.
    Sou Neusa Rodrigues, me coloco a disposição no que precisar, para potencializar ainda mais , esse projeto 💋
    Como faço para adquirir seu livro.

    1. Olá, Neusa. Pode entrar em contato direto com a Mônica pelo Istagram dela: @https://www.instagram.com/tecituras_com_literatura/

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *